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Juramento de Hipócrates


Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higéia e Panacéia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.

Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.

Conservarei imaculada minha vida e minha arte.

Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.

Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.

Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.

Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Alimentação Mediterrânea - Dieta da longevidade...


Quem não gostaria de viver em um local que fosse reconhecido mundialmente pelo fato de seus habitantes apresentarem uma vida saudável, com os menores índices de doenças crônicas?

Pois, essa região é a mediterrânea! Formada por países de três continentes diferentes - Itália, Espanha, Grécia, Iugoslávia, França e Albânia (da Europa), Egito, Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos (da África), Turquia, Israel, Síria e Líbano (da Ásia) - onde todos são banhados pelo mesmo Mar: o Mediterrâneo.

Apesar das inúmeras diferenças culturais, econômicas e sociais entre eles, certas características geográficas (clima, temperatura, solo) influenciaram sua agricultura e, conseqüentemente, seus hábitos alimentares, ao longo dos séculos.

A dieta dos países mediterrâneos é composta pelo alto consumo de frutas, hortaliças (verduras e legumes), cereais, leguminosas (grão-de-bico, lentilha), oleaginosas (amêndoas, azeitonas, nozes), peixes, leite e derivados (iogurte, queijos), vinho e azeite de oliva.


Mas, o que a faz diferente em relação à alimentação das outras regiões do mundo? Há um baixo consumo de carnes vermelhas, gorduras de origem animal, produtos industrializados e doces (ricos em gordura e açúcar).

Analisando os principais benefícios provenientes dos alimentos dessa dieta, temos:

Frutas e hortaliças: por conterem grande quantidade de fibras e antioxidantes (como beta-caroteno, licopeno, vitaminas E e C) previnem o câncer.

Cereais: são essencialmente fornecedores de energia para o organismo; mas, se forem integrais, também contribuem com vitaminas do Complexo B, vitamina E, selênio e fibras.

Leguminosas: são fonte de fibras e proteínas vegetais. As fibras combatem a constipação, evitam o câncer do cólon e reto (regiões do intestino grosso) e diminuem o nível do colesterol "ruim" (LDL) prevenindo o aparecimento das doenças cardiovasculares.

Oleaginosas: por possuírem ácidos graxos mono e poliinsaturados, as oleaginosas reduzem a chance da pessoa desenvolver a hipercolesterolemia (colesterol alto no sangue). No entanto, quem faz um plano alimentar, com objetivo de emagrecer, não deve exceder em seu consumo, pois apesar das inúmeras vantagens, elas são muito calóricas.

Peixes: são ricos em ácidos graxos ômega - 3, dessa forma, atuam contra o aparecimento de uma variedade de doenças, incluindo hipertensão, aterosclerose, doenças do coração e câncer.

Iogurtes: além de serem fonte de cálcio, contém lactobacilos (microorganismos vivos). O cálcio contribui para a prevenção da osteoporose e os lactobacilos beneficiam nossa flora intestinal, combatendo os microorganismos patogênicos que possam estar presentes nos intestinos.

Vinho tinto: por possuírem uma alta quantidade de flavonóides (antioxidantes), o vinho tinto evita a formação de placas de gorduras na parte interna dos vasos sanguíneos (ateromas), e por conseqüência, diminui o risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. De acordo com a cultura mediterrânea, o consumo do vinho tinto deve ocorrer durante as refeições, pois a presença de alimentos ameniza os efeitos tóxicos do álcool no organismo.

Azeite de oliva: é rico em fenóis (antioxidantes) e em ácido graxo monoinsaturado, sendo que o último atua no aumento da taxa do colesterol "bom" (HDL), favorecendo nosso coração. Segundo o costume do povo mediterrâneo, o ideal é consumi-lo diariamente, para temperar as saladas, regar um peixe ou carne que irá assar, fazer um arroz... Mas, não podemos esquecer que o azeite, assim como qualquer outra gordura, é calórico. Portanto, seu consumo não deve ser exagerado!


Podemos observar que os alimentos que compõem a dieta mediterrânea são fontes de vitaminas, minerais, ácidos graxos mono e poliinsaturados, fibras e antioxidantes. Além disso, são facilmente encontrados aqui, no Brasil. Portanto, se desejamos ter uma vida longa, com saúde; devemos iniciar a introdução desses alimentos em nossas refeições diárias.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Óleo de Lorenzo - O milagre da vida...



Geralmente vivemos nossa vida da melhor forma possível, buscando nossa realização diariamente no estudo, no trabalho, no lazer, etc. Normalmente não pensamos nos riscos implácitos do fato de simplesmente viver. Quando subitamente somos confrontados com uma ameaça real à nossa vida e à nossa felicidade, percebemos como é efêmera a nossa permanencia na Terra e como é pequena a nossa capacidade de mudar esta realidade. No entanto, este texto não trata de uma aceitação conformista de nosso destino, mas de uma avaliação de até onde podemos ir para tentar mudar uma realidade difícil.

O óleo de Lorenzo é uma estória verdadeira, de um menino, Lorenzo Odone, que aos oito anos começou a demonstrar os sintomas de uma rara doença genética e incurável, a adrenoleucodistrofia (ADL). Quando seus pais foram informados deste terrível diagnóstico de seu filho único, não se conformaram e iniciaram uma batalha científica para melhor entender o "inimigo" invisível que lentamente destruía o cérebro de Lorenzo, deixando-o cego, surdo, paralítico, incapaz de engolir e de se comunicar. Ao invés de simplesmente ficarem sentados aguardando os resultados dos estudos médicos, eles decidiram estudar nos livros de medicina e nos poucos artigos científicos da época, tudo que pudesse ajudar na compreensão do mecanismo de ação desta doença e assim poder discutir com os médicos a melhor forma de tratamento para amenizar os sintomas de Lorenzo.

Os pais de Lorenzo se recusaram a aceitar passivamente este diagnóstico e passaram a se dedicar ao estudo dos mecanismos básicos celulares, em livros de cursos de medicina. Inicialmente buscavam aprender e entender como as células do nosso organismo funcionam, para isso, passavam dias e noites em bibliotecas, mergulhados em livros em uma época em que computadores pessoais e Internet eram palavras completamente desconhecidas. Quando eles acreditavam que haviam encontrado alguma informação relevante, procuravam médicos e professores dos cursos de medicina e discutiam com eles suas idéias, sempre buscando encontrar uma forma de tratamento que minimizasse o sofrimento de Lorenzo. A quantidade de dificuldades que encontraram foi enorme, desde o preconceito de médicos e professores por serem "leigos" em Bioquímica e Medicina, a impossibilidade de realização de testes em humanos de tratamentos ainda não autorizados pelo FDA (Food and Drug Administration - órgão que fiscaliza a saúde nos Estados Unidos) e a dificuldade em achar parceiros químicos com competencia para produzir a fórmula dos óleos que eles acreditavam que poderiam curar Lorenzo.



A ADL se caracteriza pelo acúmulo de ácidos graxos saturados de cadeia longa (principalmente ácidos com 24 e 26 carbonos) na maioria das células do organismo afetado, mas principalmente nas células do cérebro, levando à destruição da bainha de mielina, que protege determinados neurônios. Sem a mielina, estes neurônios perdem a capacidade de transmitir corretamente os estímulos nervosos que fazem o cérebro funcionar normalmente e aí surgem os sintomas neurológicos da doença. O óleo de Lorenzo é uma mistura de dois ácidos graxos insaturados, o ácido oleico (C18:1) e ácido erúcico (C20:1), cujo metabolismo se sobrepõe ao dos saturados, evitando assim o seu acúmulo. Para chegar a esta mistura, os pais de Lorenzo estudaram os resultados de muitas pesquisas na época, inclusive feitas em animais. Eles sabiam, por exemplo, que o óleo é tóxico para ratos, levando-os à morte, mas tiveram a coragem de ministrar em seu filho e mostrar ao mundo que o óleo é inofensivo aos humanos e que podia reverter e principalmente evitar os efeitos catastróficos da ADL. Enfrentaram e ainda enfrentam dificuldades com o FDA, que até hoje não autorizou o uso em humanos. Devido a essas dificuldades, o óleo é hoje produzido por uma companhia inglesa, e o Sr. Odone não recebe nenhuma porcentagem das vendas do produto, apesar de ter sido o seu idealizador. O reconhecimento dos seus estudos pela comunidade científica e acadêmica resultou no título de Doutor honoris causa por sua imensa contribuição à ciência e à medicina.

Lorenzo viveu até os 30 anos e apesar das suas limitações, conseguia se comunicar pelo piscar de olhos e movimento dos dedos. Gostava de música e ouvir estórias. Lorenzo morreu em 30 de maio de 2008, a causa morte não foi a ALD, mas uma broncopneumonia persistente devido ao acúmulo de alimentos aspirados pelo pulmão.

As crianças diagnosticadas com ADL na mesma época que Lorenzo e que não receberam o tratamento do óleo não chegaram à idade adulta. Lorenzo não se curou porque as lesões no sistema nervoso central deixaram sequelas permanentes mas a doença estacionou. Porém o mais significativo dos fatos foi a prevenção do desenvolvimento dos sintomas nos novos casos diagnosticados. Os pais de Lorenzo ainda fundaram o "Projeto Mielina", uma fundação que tenta concentrar esforços nos estudos das doenças relacionadas à mielina. Para saber mais, acesse www.myelin.org.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ácido Retinóico - a vitamina que faz milagres!!!?




 
 A origem do uso do ácido retinóico está na descoberta da vitamina A no início do século XX. Temos necessidade diária de um consumo de 5.000 unidades de vitamina A, facilmente encontrada em vegetais amarelos e verdes. A deficiência da vitamina A provoca visão embaçada e faz com que a pele fique seca, avermelhada e descamada.
Durante a década de 30 a vitamina A foi utilizada em altas doses para tratar doenças da pele, mas seus efeitos colaterais (como dor de cabeça, zunido no ouvido, lábios cortados e ressecados, dores articulares e queda de cabelo) além da toxidade no fígado se usada em altas doses limitaram o seu uso.
Vegetais como a cenoura são uma fonte natural de Vitamina A, de onde vem o ácido retinóico.
Vegetais como a cenoura são uma fonte natural de Vitamina A, de onde vem o ácido retinóico.
Devido a essa alta toxicidade é que a vitamina A natural em altas doses foi abandonada e se começou a buscar derivados sintéticos. A Isotretinoina oral foi o primeiro derivado sintético da vitamina A aprovado nos EUA para tratamento da acne cística. Na mesma época o etretinato foi liberado para tratamento da psoríase.
Diferentemente desses dois derivados citados o ácido retinóico (tretinoina) é um metabólico natural da vitamina A. É a vitamina A ácida, a principal forma da vitamina encontrada na pele. Seu efeito se dá sobre o DNA da célula da pele, aumentando a capacidade de renovação da pele.
O primeiro uso do ácido retinóico tópico foi para o tratamento da Acne, com o tempo os pacientes relataram uma diminuição nas rugas, especialmente as mais finas, com o uso prolongado do medicamento.
Com a experiência clínica foi-se percebendo que todos os efeitos do fotoenvelhecimento (envelhecimento da pele devido à exposição ao Sol) podem ser diminuídos com o uso prolongado do ácido retinóico em gel ou creme. Ou seja, pode-se diminuir manchas e rugas. Além disso a pele fica mais fina, com uma coloração mais rosada, parecendo mais jovem. As células com pigmento são melhor distribuídas e diminui o agrupamento de tecido elástico com regeneração do colágeno.
Como efeitos adversos, principalmente depois das primeiras aplicações, o produto pode trazer ressecamento, vermelhidão e descamação da pele.
O grande problema do ácido retinóico é a que ele aumenta a sensibilidade da pele ao Sol: os pacientes devem usar filtro solar com FPS alto, aplicar o produto à noite e interromper o tratamento pelo menos 48 horas antes de se expor ao sol.
Na verdade o ácido retinóico deixa a pele mais sensível a tudo, especialmente perfumes e cosméticos, então durante o tratamento deve-se limpar a pele com sabonete neutro.
Tratamentos com ácido retinóico precisa de acompanhamento médico.
Tratamentos com ácido retinóico precisa de acompanhamento médico.
Existem derivados do retinóico com ação semelhante e menos restrições, como o tazacopeno. ”Os resultados são iguais e não há fotossensibilidade, mas ele não é encontrado no Brasil, e por isso o preço é alto”, comenta Otávio Macedo.
Além do tratamento para acne e para combater os efeitos do envelhecimento, o ácido retinóico também é usada no tratamento de estrias , e os bons resultados aparecem especialmente nas estrias mais recentes, de coloração avermelhada.
É importante lembrar que o ácido retinóico é um medicamento que necessita de prescrição e um acompanhamento constante de um dermatologista. Já o Retinol (nome que se dá a forma álcool dessa vitamina) pode ser usado em cosméticos (sem prescrição) e com efeitos bem menores se comparados ao ácido retinóico.
Na gravidez e na amamentação, o ácido retinóico é proibido: passa pelo leite, causa malformação no feto e pode afetar o desenvolvimento do bebê. Os resultados não são imediatos, deve-se usar o produto constantemente por pelo menos 6 meses para ver bons resultados.
Uso doméstico – O ácido retinóico não pode entrar na formulação de cosméticos, mas pode ser prescrito pele dermatologista para uso em casa, em concentrações baixas como 0,025% e 0,05%. Por ser extremamente fotossensível, só pode ser usado á noite.
Uso em consultório – O retinóico já foi mais requisitado para peelings, em concentrações de 1% a 5% em sessões semanais. Hoje, com a concorrências de substancias mais modernas e rápidas, ele esta sendo mais utilizado para complementar a ação de outros ácidos ou peelings.
Os medicamentos com ácido retinóico podem ser prescritos na forma manipulada, com a concentração ideal para cada tipo de pele e fase do tratamento. Existem duas formulações comerciais com o composto: o Vitanol A e o Retin-A
Além do uso estético, por atuar no DNA celular o ácido retinóico também tem sido usado de maneira promissora no tratamento de formas de câncer especialmente na pele e na bexiga (mas há estudos sendo feitos com sua aplicação também em outros tipos de tumores). 

Infecções cutâneas causadas por fungos...

As micoses são doenças provocadas por fungos, dividindo-se em superficiais e profundas. As superficiais acometem a epiderme e seus anexos, afetando, às vezes, a derme e, mais raramente, outros órgãos internos. Caracterizam-se por não apresentar anticorpos séricos, provocar inflamação local banal e, com freqüência, ser transmitidas por contato direto. Já as profundas invadem a derme e, em algumas ocasiões, hipoderme e vísceras. Produzem reação inflamatória granulomatosa, há presença de anticorpos, sendo desconhecido seu contágio homem a homem.
Entre as micoses superficiais encontram-se três tipos: as superficiais propriamente ditas, conhecidas até recentemente como ceratofitoses, as dermatofitoses e a candidíase.
As micoses superficiais propriamente ditas atingem apenas a ceratina da epiderme e dos pêlos, e não provocam reação de hipersensibilidade. Nesse grupo incluem-se a pitiríase versicolor, a tinea nigra e a tricomicose nodosa (piedra).
A pitiríase versicolor é causada pela Malassezia furfur, também conhecida como Pityrosporum ovale. É universal, acometendo qualquer raça e sexo, sendo, no entanto, mais comum no adulto. Ocorre em especial em regiões de clima quente e úmido. A Malassezia furfur pode estar na pele ou no cabelo sem provocar lesões que, quando presentes, se caracterizam por manchas hipocrômicas, eritematosas ou acastanhadas, daí o nome 'versicolor'. Essas máculas são confluentes, têm contornos geográficos, apresentam escamas furfuráceas e, em geral, não se acompanham de prurido. Afetam em especial o dorso e os braços e as recidivas são freqüentes. O diagnóstico é feito pelo exame direto do raspado da lesão, clarificado pelo hidróxido de potássio, no qual são observados grupos de esporos entrelaçados por pequenos micélios septados. Com a lâmpada de Wood, as lesões mostram cor amarelo-ouro. Para seu tratamento são utilizadas medicações locais e orais. Entre as locais, destacam-se a solução de hipossulfito de sódio, a de iodo com ácido salicílico, o sulfeto de selênio e várias drogas antifúngicas tópicas, como o cetoconazol, o clotrimazol, entre outras, devendo ser utilizadas por tempo prolongado (até seis meses). Já entre as medicações orais estão o cetoconazol e o itraconazol, este último de uso mais recente e efeito mais rápido.
A tinea nigra é causada pela Exophiala werneckii, fungo conhecido até pouco tempo como Cladosporium werneckii. É micose de relativa raridade das zonas tropical ou subtropical. Acomete predominantemente meninas, provocando mancha preta na palma ou na planta. As lesões são poucas ou única, o diagnóstico é confirmado por meio de cultura de material obtido pelo raspado da mácula, na qual cresce um fungo demácio, ou seja, negro, e o tratamento é feito com ceratolíticos.
A tricomicose nodosa, também chamada de piedra, exterioriza-se por pequenos nódulos aderentes aos pêlos. Essa afecção pode acometer o couro cabeludo, as axilas e/ou a região pubiana. Existem dois tipos de piedra: a negra caracteriza-se por nódulos pretos, sendo causada pela Piedraia hortai, um fungo demácio; e a branca, que produz nódulos amarelados, cujo agente etiológico é o Trichosporum beigelii. Para o tratamento da tricomicose nodosa pode-se utilizar o bicloreto de mercúrio a 1:1000 ou o formol a 2%, sendo mais eficiente proceder à raspagem total dos pêlos na região acometida.
Das micoses superficiais, o grupo mais comum é o das dermatofitoses. Essas têm manifestações clínicas heterogêneas, sendo causadas por vários gêneros e espécies de fungos, chamados dermatófitos. São universais, sendo mais freqüentes em regiões de clima quente e úmido.
Os fungos dermatófitos caracterizam-se por apresentar duas fases evolutivas, a assexuada, na qual pode ser parasita, e a sexuada, quando é saprófita do meio ambiente. Na fase parasitária, os gêneros são denominados de Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton. As principais espécies do gênero Trichophyton são o T. rubrum, muito resistente aos tratamentos e causador de praticamente todos os quadros clínicos; o T. schoenleinii que, em geral, poupa as dobras naturais; o T. tonsurans, que poupa barba e pregas dos pés e mãos; e o T. mentagrophytes. Entre os fungos do gênero Microsporum, destacam-se o M. audouinii, com predileção pelo couro cabeludo; o M. canis, que acomete predominantemente os cabelos e a pele glabra; e o M. gypseum, que afeta o couro cabeludo e o tronco. No gênero Epidermophyton, o E. floccosum prefere dobras e pés, podendo acometer unhas e tronco, mas nunca os cabelos e a barba.
Conforme seu habitat, os dermatófitos são divididos em antropofílicos, bem-adaptados ao homem, com pouca ou nenhuma reação inflamatória; os zoofílicos, com predileção por animais, que, quando acometem o homem, apresentam reação inflamatória de média intensidade; e os geofílicos que, pela exuberância da inflamação que produzem no homem, têm tendência à cura espontânea.
As manifestações clínicas desse grupo de micoses dependem da hipersensibilidade retardada, mediada por linfócitos CD4, que pode ser avaliada pelo teste intradérmico de tricofitina. É importante ressaltar que existe um fator fungistático natural; fator esse que impede a penetração no organismo para áreas mais profundas da pele e para outros órgãos. As mucosas nunca são atingidas pelos dermatófitos.
Os dermatófitos provocam diferentes formas clínicas, sendo as mais freqüentes:
1. Tinea capitis: nesse quadro, os cabelos são invadidos e lesados, partindo o acometimento da porção próxima à raiz, provocando, por isso, tonsura. Com freqüência essa área de tonsura apresenta-se eritematosa e descamativa. A tinea tricofítica, causada por fungos do gênero Trichophyton, manifesta-se por pequenas e múltiplas áreas de alopécia (tonsuras), geralmente parciais, e os pêlos, quando observados ao microscópio, mostram esporos do fungo em seu interior, sendo, portanto, essa forma conhecida como endotrix. Já a tinea microspórica, cujo agente etiológico são fungos do gênero Microsporum, caracteriza-se por poucas e grandes áreas de tonsura. Esse gênero, ao exame direto do pêlo acometido, mostra seus esporos por fora dele, sendo por isso chamado de ectotrix. Há outro tipo de tinea capitis muito menos freqüente, a tinea favosa, provocada pelo T. schoenleinii. Causa alopécia definitiva, e suas lesões aparecem como formações amareladas, resultantes da massa necrótica que se forma pelo aglomerado de micélio e esporos do fungo, células, sebo e exsudato, o que é chamado de godê fávico.
2. Tinea corporis: esse tipo de dermatofitose tem localização preferencial nos braços, face e pescoço e, em geral, vem acompanhado de prurido. Causa lesões eritematodescamativas, circinadas, isoladas ou confluentes, de crescimento centrífugo, podendo-se observar vesículas ou pústulas em sua borda.
3. Tinea cruris ou dermatofitose marginada: tem seu início a partir da prega inguinal, podendo atingir coxas, períneo, nádegas e região pubiana. A lesão é eritematodescamativa com bordas nítidas e muito prurido.
4. Tinea pedis: existem três quadros clínicos de dermatofitose dos pés:
a. eczematóide: caracterizada por vesículas plantares e digitais.
b. intertriginosa: afeta as pregas interdigitais, em especial, dos terceiros e quartos espaços, provocando fissuras e maceração. É freqüente sua associação com infecção bacteriana.
c. crônica: provoca lesões eritematodescamativas em toda região plantar, acompanhadas de discreta ou nenhuma inflamação.
5. Tinea imbricata: essa forma clínica, cuja etiologia é o dermatófito T. concentricum, ocorre principalmente em certas regiões da Polinésia, sendo, no Brasil, encontrada no pantanal mato-grossense e na Amazônia. Suas lesões caracterizam-se pela formação de círculos concêntricos de descamação que atingem grandes áreas do corpo.
6. Onicomicose ou tinea unguium: é afecção eminentemente crônica, manifestando-se por descolamento da unha, hiperceratose subungueal, chegando até a destruição parcial ou total da unha.
7. Dermatofitose da face: provoca lesões eritematodescamativas, de crescimento centrífugo, às vezes com disposição em asa de borboleta, podendo ser confundida com o lupus eritematoso.
8. Dermatofitoses inflamatórias, cuja característica básica é a intensa inflamação das lesões, é a denominação genérica para três formas de dermatofitoses:
a. Quérion: acomete o couro cabeludo ou a barba, provocando placa de foliculite aguda ou subaguda, com intensa supuração, chegando, às vezes, à alopécia cicatricial definitiva. Devido à exuberância da reação inflamatória à presença do fungo, é freqüente a cura espontânea.
b. Sicose tricofítica: afeta a área da barba e do bigode. Suas características clínicas principais são pústulas centradas por pêlos de evolução crônica.
c. Foliculitis capitis abscedens et suffodiens: essa forma provoca lesões de foliculite com túneis intercomunicando abscessos no couro cabeludo. É causada primordialmente por estafilococos, porém, às vezes, também por Trichophyton tonsurans.
9. Dermatofitoses granulomatosas: atingem mais profundamente a pele, observando-se o dermatófito na derme. Produzem reação granulomatosa, e os pacientes, em geral, mostram reação de hipersensibilidade à tricofitina intradérmica. As lesões podem ser localizadas ou generalizadas, sendo o tipo mais comum o de Majocchi, que se manifesta por nódulos eritematosos, nas pernas de mulheres. A raspagem dos pêlos nessa área talvez seja um dos fatores agravantes de uma tinea corporis comum.
10. Dermatofítides: são quadros hiperérgicos agudos ou subagudos, de tendência à simetria e recidiva em portador de dermatofitose, que ocorrem por disseminação hematogênica de dermatófitos ou seus produtos. Provocam, em geral, alterações de aspecto disidrosiforme. São lesões desabitadas com foco de tinea a distância.
O diagnóstico das dermatofitoses é feito pelo exame direto do raspado das lesões, quando são observadas hifas septadas e artrosporos. Esses fungos crescem na cultura em meio de Sabouraud, e cada espécie tem características próprias. A luz de Wood pode auxiliar no diagnóstico etiológico, já que a tinea favosa e a microspórica mostram coloração esverdeada, e a tricofítica, não.
Para o tratamento das dermatofitoses provocadas por fungos zoofílicos e geofílicos é suficiente medicação local, como formulações com iodo, ácido salicílico e ácido benzóico ou mesmo antifúngicos, como o miconazol, tolnaftato, tolciclato, clotrimazol, oxiconazol ou cetoconazol, pois a reação inflamatória intensa à presença do fungo auxilia bastante na cura. Já as dermatofitoses antropofílicas, ou seja, aquelas causadas por fungos mais bem adaptados ao homem, são bastante resistentes às medicações. Em geral, exigem tratamento oral, associado ou não a um dos tópicos mencionados anteriormente. Entre as medicações orais utilizadas estão a griseofulvina, o cetoconazol, a terbinafina, a amorolfina (ainda não comercializada no Brasil), o fluconazol e o itraconazol. Ressalta-se a grande utilidade desta última medicação, pelos seus discretos efeitos adversos, além da possibilidade de ser prescrita no esquema conhecido como pulsoterapia, por meio do qual se administram doses de 400mg por dia, em duas tomadas às refeições, durante sete dias. O paciente descansa por três semanas e repete esse ciclo por três meses, para onicomicose das mãos, ou por quatro meses, para a dos pés. Esse esquema promove a cura de casos resistentes a outros tratamentos, com menor custo e tempo de terapia.
O terceiro e último grupo de micoses superficiais é o da candidíase, cujo principal agente etiológico é a Candida albicans, apesar de poder ser provocada por outras espécies de Candidas oportunistas. Esse gênero de fungo é um saprófita da mucosa vaginal e do tubo digestivo, e existe um fator natural anticandida, em indivíduos normais. Para que a agressão possa ocorrer e a candidíase desenvolver-se, é necessária a presença de certas condições, entre as quais modificações fisiológicas, como a gravidez, pela elevação dos glicídios vaginais; outras doenças, como a diabetes mellitus e certas deficiências imunológicas; o uso prolongado de antibióticos, corticóides e imunossupressores; e o estado de umidade local prolongada. Essa doença é universal, comum em recém nascidos, podendo acometer adultos e idosos, e, em especial, certas profissões que lidam com umidade, como as lavadeiras. Afeta a pele, mucosas, unhas e, raramente, outros órgãos.
A candidíase pode assumir várias formas clínicas:
1. Candidíase oral: é freqüente em recém-nascidos, idosos e indivíduos debilitados, caracterizando-se por erosões esbranquiçadas na boca.
2. Candidíase intertriginosa: atinge as dobras naturais, manifestando-se por erosões, fissuras e pequenas lesões satélite arredondadas, eritematoescamosas e, eventualmente, pústulas.
3. Candidíase ungueal e periungueal: provoca o descolamento e deformação da unha, além de lesão eritematoedematosa periungueal, denominada de paroníquia.
4. Perleche ou queilite angular: caracteriza-se por fissuras no canto da boca,  especialmente em usuários de prótese dentária com má higiene oral, idosos, e recém-nascidos.
5. Vaginites e balanites: são erosões pruriginosas na vagina e sulco balanoprepucial.
6. Candidíase granulomatosa: é uma afecção rara de crianças com defeito genético e/ou imunológico, às vezes estando associada à endocrinopatia. De início, provoca lesões orais e, posteriormente, acomete o couro cabeludo, unhas e outras áreas, sob a forma de lesões crostosas com tendência à formação de cornos cutâneos.
7. Candidíase visceral: ocorre por disseminação hematogênica, naqueles pacientes em uso prolongado de imunossupressores. Pode acometer, nos casos de extrema gravidade, o coração, os pulmões e outros órgãos nobres, levando à morte.
O diagnóstico das afecções causadas pelo gênero Candida é obtido por meio do exame direto do material das lesões, ao serem encontrados o pseudomicélio e os blastosporos característicos desses fungos, e da cultura em meio de Sabouraud.
Para se conseguir a cura dessas afecções é imprescindível corrigir os fatores predisponentes e\ou agravantes que porventura existam, como o excesso de umidade local, além de tratar doenças subjacentes, como o diabetes mellitus. As medicações locais preferenciais a serem utilizadas são a nistatina e o clotrimazol. Entre as orais, destacam-se o cetoconazol, fluconazol e itraconazol. Para os casos extremamente graves e resistentes às drogas já mencionadas, reserva-se a anfotericina B, prescrita por via endovenosa, que tem sérios efeitos adversos.

Todo medicamento deve ser tomado por orientação e com supervisão do seu médico.

sábado, 18 de setembro de 2010

Quero ser médico de todo meu coração...



“Todo ser humano causa impacto nos outros.
Por que evitar a relação entre paciente e médico?
O que ensinam está errado.
A missão do médico deve ser não apenas de evitar a morte...
mas melhorar a qualidade de vida.
Tratando o mal, se ganha ou se perde.
Tratando o indivíduo, garanto que vão ganhar, independente do desfecho.
A sala está cheia de estudantes de medicina.
Não se deixem anestesiar pelo milagre da vida.
Sempre se extasiem pela glória do corpo humano.
Concentrem-se nisso, não em procurar notas... que não indicam o tipo de médicos que serão.
Não esperem demais para recuperar a humanidade.
Aprendam a entrevistar.
A falar com estranhos.
Com amigos, “enganos”, com todos!
Cultivem amizades com essas pessoas incríveis, as enfermeiras.
Cuidam de pessoas dia após dia.
Têm muito que ensinar, bem como os professores, que não têm o coração gelado.
Aprendam a ter compaixão.
Quero ser médico de todo meu coração.
Queria ser médico para ajudar o próximo.
Por causa disso, perdi tudo.
Mas também ganhei tudo.
Compartilhei das vidas de pacientes e pessoal do hospital.
Rimos e choramos juntos.
Quero dedicar a vida a isso.
E hoje, seja qual for sua decisão, juro por Deus que vou chegar a ser o melhor médico de todo o mundo.
Podem impedir que eu me forme.
Podem me negar o título e a bata branca.
Mas não podem dominar meu espírito nem evitar que aprenda.
Não podem me impedir de estudar.
Portanto, têm uma escolha. Podem me ter como um colega apaixonado... ou como um intruso, mais ainda inquebrantável.
Seja como for, ainda vou ser um espinho.
Mas prometo, vou ser um espinho que não podem arrancar."

Discurso de Patch Adams perante o Conselho Médico
Extraído do filme: Patch Adams o amor é contagioso.